Quatro Luas

o outro lado do espelho da música da Europa. Domingos :22h-24h com repetição as quartas : 21h-23h, na AVEIRO FM 96.5

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Local: Aveiro, Portugal

domingo, julho 01, 2007



Peter Christopherson/ Threshold HouseBoys Choir : “Form grows rampant”, cd/dvd
(Reino Unido 2007, Threshold House / distr. Portugal:http://www.equilibriummusic.com/



6 graus de separação:
em 2007 Sarcozy anuncia vitorioso: “Il faut liquider Mai 68!”;
a partir de Maio de 1968, uma revolução conceptual na música jovem contemporânea alastra aos países ditos pilares da cultura europeia;
no Reino Unido, aos 18 anos, o jovem caloiro Neil Megson (aliás Genesis P.Orridge) futuro “drop-out” de Ciências Sociais, lança as sementes duma família musical que perdurará até ao presente (Coum, TG, PTV, Thee Majesty...);
em 75 com Peter “Sleazy” Christopherson e outros companheiros, forma os manipuladores de “contra-informação” Throbbing Gristle que, à sua oblíqua maneira, dão ainda eco distorcido às ruínas do pensamento libertário “68-ard”;

5) em 82, Christopherson forma os fabulosos Coil, com Jhonn Balance, que terminam com a morte deste em Outubro de 2004;

6) na Primavera em que Sarcozy rejubila enquanto presidente da “pátria da democracia moderna” (...!?), “Sleazy” Christopherson lança à queima-roupa mais um magistral trabalho de composição digital, inspirado num ritual tailandês de protecção, a que assistira em 2003, na ilha de Phuket (!), e cujas filmagens acompanham o disco em formato DVD (“viewer discretion advised”...). São 5 cinco longas peças de uma beleza hipnótica extrema, envolvendo-nos numa espécie de transe místico que reverbera em loop – aqui não há efeito crescente, Christopherson é um daqueles músicos que, mesmo não fazendo “música de massas”, sabe exactamente como agarrar o ouvinte à primeira- outros, esforçam-se por dar “música”, pão e circo, às tais massas.

Destacam-se obviamente todos os cinco temas de “Form grows rampant”, mas os temas de fecho e abertura estão cirurgicamente colocados nessa operação para a iluminação interior – “A time of happening” e “As doors open into space”. Pelo meio ficam “Intimations of Spring” e “So free it knows no end”, para além da longa “ So young it knows no maturing”, talvez a chave-mestra para os mistérios deste disco, que mais uma vez nos faz sentir que estamos mesmo em presença de um dos melhores momentos musicais deste curioso ano.
Finalmente, Sarcozy faria bem em escutá-lo e desse modo acalmar um pouco essa vontade de apagar a História...